Advogado monteirense afirma que assistência de acusação está atenta: “Precisamos afirmar o valor das mulheres e respeitar a memória da vítima”

Mais de um ano após o brutal assassinato da adolescente Maria Vitória dos Santos Silva, de 15 anos, a cidade de Monteiro volta a se mobilizar em torno do caso. A Justiça marcou para o dia 24 de outubro de 2025, no Fórum de Monteiro, a audiência de instrução que pode definir o destino do acusado Gilson Cruz de Oliveira, de 56 anos, apontado como autor do feminicídio que chocou a Paraíba e gerou ampla comoção social em todo o país.

O crime ocorreu em 14 de julho de 2024, quando Maria Vitória foi morta a tiros dentro da residência onde vivia com Gilson. Segundo a investigação da Polícia Civil da Paraíba, o homicida disparou diversas vezes contra a jovem após uma discussão motivada por ciúmes. O caso ganhou repercussão nacional pela brutalidade e pela diferença de idade entre a vítima e o agressor.

As reportagens da época, divulgadas por veículos como Jornal da Paraíba e Correio Braziliense, destacaram que Gilson e Maria Vitória mantinham um relacionamento desde que a jovem tinha cerca de 14 anos, e que o acusado era dono de um estabelecimento comercial na cidade de Monteiro. Ainda segundo testemunhas, Gilson realizava festas com a presença de adolescentes e consumo de álcool em sua residência.

Após o crime, Gilson fugiu para Brejo da Madre de Deus (PE), onde foi preso dois dias depois em uma operação conjunta das polícias da Paraíba e de Pernambuco. Desde então, encontra-se recolhido aguardando julgamento.

A morte de Maria Vitória acendeu novamente o debate sobre o feminicídio e a vulnerabilidade de meninas em relacionamentos abusivos, depois do caso de Rosana Queiroz, também vítima de tentativa de feminicídio. Movimentos sociais, coletivos feministas e a própria comunidade de Monteiro realizaram vigílias, marchas e homenagens à jovem, que era descrita pelos amigos como “doce, alegre e cheia de sonhos”.

Na época, a comoção se espalhou pelas redes sociais com a hashtag #JustiçaPorMariaVitória, que chegou a figurar entre os assuntos mais comentados na Paraíba. O caso passou a simbolizar a luta contra a violência doméstica e o machismo estrutural que ainda vitimam milhares de mulheres brasileiras.

A assistência da acusação, composta pelos Dr. Valter Campos, Dra. Nadja Palitot e Dra. Andreza Madureira Campos, declarou em nota que está “atenta aos autos e determinada a buscar justiça em nome de Maria Vitória e de todos os familiares que sofrem com a perda irreparável”.

“Não se trata apenas de punir o agressor, mas de afirmar o valor da vida das mulheres. Cada adiamento, cada silêncio institucional é mais uma violência para quem ficou. Nós acompanharemos cada etapa do processo para garantir que a memória de Vitória seja respeitada”, afirmou o Dr. Valter Campos, advogado e filho de Monteiro.

Os familiares, por sua vez, afirmam viver uma mistura de dor e esperança. “Nada traz minha filha de volta, mas queremos acreditar que a Justiça vai cumprir seu papel”, relatou, emocionada, a mãe de Maria Vitória, em entrevista recente à imprensa local.

Com a audiência marcada para 24 de outubro de 2025, a cidade de Monteiro se prepara para uma das audiências mais aguardadas de sua história recente. A expectativa é de que o processo avance rapidamente após a oitiva das testemunhas e a manifestação do Ministério Público, assistência de acusação e defesa técnica, para que o acusado seja encaminhado ao júri popular.

O caso de Maria Vitória reforça números alarmantes: segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil registra um feminicídio a cada sete horas, e a maioria das vítimas são jovens assassinadas por companheiros ou ex-companheiros.

Monteiro aguarda agora o desenrolar da Justiça com a esperança de que, no dia 24 de outubro, o tribunal não apenas pronuncie a júri o réu, mas reafirme o valor da vida de todas as Marias que o Brasil perdeu.

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