Os campinenses e mais as populações dos 18 municípios abastecidos pelo açude Epitácio Pessoa em Boqueirão, vão ter que esperar mais um pouco para o fim do racionamento que já ultrapassa dois anos. Mesmo o manancial estando a 1% de sair do volume intangível, chamado popularmente de “volume morto”, o racionamento ainda vai durar alguns dias.
A última previsão apresentada era de que o racionamento acabasse em 1º de agosto deste ano, mas, devido a uma redução na vazão de água que chega à Paraíba, através da transposição do Rio São Francisco, os órgãos que fazem a gestão da água e abastecimento não sabem quando será possível terminar o racionamento.
Segundo o presidente da Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba (Aesa), o projeto foi feito para oferecer 9 m³ de água por segundo para Monteiro, mas a maior vazão já atingida, desde que a obra foi inaugurada, foi de 7,8m³ por segundo. Entretanto, nos últimos meses a vazão foi reduzindo e chegou a menos de 3,2 m³ por segundo.
A redução tem sido necessária para a realização de reparos e ajustes na obra. O Ministério da Integração Nacional explicou que a obra de transposição do Rio São Francisco, no eixo leste, está em fase de pré-operação e que este período serve para realizar reparos e os ajustes nos canais e estações elevatórias, para que a obra funcione corretamente.
Projetado há mais de 60 anos pelo Departamento Nacional de Obras Contra Seca (DNOCS), o açude de Epitácio Pessoa,tem capacidade para armazenar até 411,686 milhões de m³ de água, mas, nesta quinta-feira (13) está com 29,76 m³, o que representa 7,2% da capacidade total. Para que as cidades saiam do racionamento é preciso que Boqueirão saia do volume morto, que é quando o volume está acima de 8,2%, o que representa cerca de 33 milhões de m³ de água.
Segundo a estimativa da Cagepa, com a média de entrada de água no açude, através da transposição, e a média de saída de água para abastecimento da população, a previsão é de que o volume de água em Boqueirão chegue a 8,2% da capacidade total até o dia 1º de agosto deste ano.
Essa semana o diretor regional da Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa), Ronaldo Meneses, explicou que não foi anunciada uma data exata sobre possíveis modificações na distribuição de água feita pela Companhia.
– Todas essas previsões que informamos são de que o manancial vai sair do chamado volume morto. No momento em que for feita qualquer modificação, informamos exaustivamente – disse.
Meneses destacou que o racionamento d’água é desfavorável para população.
– No que se refere ao racionamento, gosto de dizer que é muito desfavorável ao sistema de abastecimento de água por vários motivos. A cada semana esvaziamos e enchemos novamente a rede e isso provoca aumento de pressão em alguns pontos, o que ocasiona rompimentos, vazamentos e vai deixar parte da zona desabastecida, como também vai causar transtornos imensos aos pavimentos. O racionamento é sempre injusto porque há uma parte da população que não vai ser atendida durante todo período, principalmente aquelas pessoas que residem nos locais com topografia mais elevada – esclareceu.
De acordo com o diretor, a estimativa é que em aproximadamente um mês o açude Epitácio Pessoa alcance a capacidade de 8,2%.
– Hoje estamos com 7,1% e precisamos de 4 milhões e 500 mil metros cúbicos d’água serem armazenados. Consideramos que está entrando, em média, 3 metros cúbicos por segundo em Boqueirão, está saindo 0,85% para Cagepa e mais 0,25% perda por evaporação. Levando em conta que estão sendo armazenados dois metros cúbicos por segundo no açude e precisamos de mais 4 milhões e 500 mil, estimamos que ainda precisamos de 26 dias para chegar nos 8,2% – concluiu.