Por que a CPI do crime organizado não deve ouvir Marcola e Marcinho VP

Na expectativa de ser confirmado como relator da CPI do crime organizado, o senador Alessandro Vieira (MDB-SE) já mapeou ao menos vinte nomes que serão chamados a depor na comissão. Nenhum deles é de líderes de facção – como Marcola, do PCC, e Marcinho VP, do Comando Vermelho, ambos presos em penitenciárias federais.

“Faz muito mais sentido ouvir profissional da segurança pública do que ouvir bandido”, afirma Vieira ao Radar. Por ser o autor do pedido de criação da CPI, ele fez um acordo com líderes do governo Lula e da oposição no Senado para assumir a relatoria do inquérito parlamentar, com o papel de conduzir a linha investigativa e escrever o relatório final.

Depois da megaoperação das forças de segurança do Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho nos complexos da Penha e do Alemão no início da semana, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), anunciou que a comissão sobre o crime organizado será instalada na próxima terça-feira.

Ainda está em aberto quem será presidente da CPI. Vieira considera “natural” que o PL de Jair Bolsonaro e o PT de Lula apresentem candidatos para o posto de comando.

Em um esboço de plano de trabalho que pretende distribuir para senadores que já foram oficialmente indicados para compor a comissão, o emedebista lista ao menos vinte nomes que serão os primeiros chamados a depor à comissão. Sem revelá-los, ele diz que serão ouvidos:

  • “profissionais de segurança que efetivamente trabalham no combate ao crime, ao PCC, ao Comando Vermelho, Terceiro Comando Puro, às facções do norte, do sul, às milícias no Rio, em particular”;
  • “atores políticos envolvidos: governo federal, governos estaduais e municipais, naquilo que for pertinente; o prefeito do Rio (Eduardo Paes, do PSD) tem que ser ouvido para dar sua contribuição e enfoque”;
  • “as comunidades que sofrem com o domínio territorial; a gente imagina que hoje 20% da população do país esteja sujeita a algum domínio territorial do crime”.

Questionado se o governador Cláudio Castro (PL), que ordenou a megaoperação no Rio na última terça-feira, também seria chamado a falar à CPI, Vieira respondeu que preferia não antecipar mais nomes “sem ter a anuência dos colegas”.

O roteiro, segundo o possível relator da comissão, passará por fazer um diagnóstico sobre o crime organizado no país, estudar soluções – ele fala em estados que conseguiram reverter a expansão da criminalidade violenta, citando Sergipe, Rio Grande do Sul e Santa Catarina – e, ao final, ouvir autoridades da Defesa.

“Nada impede que, ao longo da CPI, tenha a identificação de conduta irregular de alguém. Mas a gente não vai transformar CPI em delegacia de polícia”, declara Vieira.

Com Veja

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