Polícia conclui inquérito e livra padre monteirense de indiciamento por fala sobre Preta Gil

A Polícia Civil da Paraíba concluiu, nesta segunda-feira (10), o inquérito que investigava o padre Danilo César, da Paróquia de Areial, acusado de intolerância religiosa após citar a morte de Preta Gil durante uma homilia em julho. O religioso não será indiciado. De acordo com a investigação, após ouvir testemunhas e analisar o contexto, a polícia entendeu que a conduta do padre não se enquadra em nenhum crime previsto em lei.

O episódio ocorreu no dia 27 de julho e ganhou repercussão nacional. Durante a missa, transmitida ao vivo pelo YouTube da Paróquia de São José, o padre associou a fé de Preta Gil em religiões de matriz afro-indígenas à morte e ao sofrimento. O vídeo foi retirado do ar após repercussão nas redes sociais.

Na fala, o padre disse:

“Eu peço saúde, mas não alcanço saúde, é porque Deus sabe o que faz… Como é o nome do pai de Preta Gil? Gilberto Gil fez uma oração aos orixás. Cadê esses orixás que não ressuscitaram Preta Gil? Já enterraram?”

A declaração provocou críticas de entidades religiosas, representações políticas e pessoas públicas. A denúncia inicial foi feita por uma associação que atua na defesa das religiões de matriz africana. Em nota divulgada no dia 1º de agosto, a entidade afirmou ser contra represálias ou violência contra o padre, e reforçou que buscava apenas o cumprimento da lei e o respeito religioso.

Mesmo com o arquivamento policial, o caso segue na esfera cível. Gilberto Gil entrou com uma ação por danos morais contra o padre e a Paróquia de Areial, pedindo indenização de R$ 370 mil. Os advogados da família sustentam que a fala do sacerdote foi gravemente ofensiva e pode se enquadrar em intolerância religiosa, injúria, ultraje religioso e até racismo religioso.

A defesa também argumenta que as declarações do padre teriam “alta reprovabilidade” e seriam “referendadas pela Diocese de Campina Grande”, responsável pela paróquia onde ele atua.

Com a conclusão do inquérito criminal, cabe agora à Justiça analisar o processo de danos morais movido pela família de Preta Gil, enquanto o debate sobre intolerância religiosa segue repercutindo na Paraíba e no país.

PARAÍBA MIX

Com Jornal da Paraíba

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