O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (foto), negou que o governo não tenha tomado medidas contra as fraudes nos descontos de benefícios de pensão e aposentadoria do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
Em entrevista à Folha de S.Paulo, Lupi afirmou que o governo não foi omisso e que as irregularidades reveladas em investigação da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU) são uma herança de administrações anteriores.
“Eu tenho certeza que tem muita safadeza de muita gente. Mas cinco ou seis servidores foram alvos, e eu vi mais de 200 pessoas ligadas às associações. Os cinco ou seis é que são os bandidos? Se estiver provado, eles vão pagar. Mas e os outros 200? E tem instituições sérias aí também, não se pode colocar todas no bolo”, disse Lupi.
De acordo com o ministro, as fraudes e os descontos irregulares investigados, que resultaram na demissão do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, se referem a acordos feitos antes de 2023.
Ele também disse que, ao ser alertado sobre o problema, demitiu o diretor de Benefícios, André Fidelis, em 2024, após ele não apresentar um relatório sobre a auditoria do caso.
Questionado sobre a demora na tomada de providências, Lupi afirmou que a investigação era complexa, com milhões de processos para analisar.
“A Previdência Social tem mais de 1 milhão de pedidos novos por mês, não pode parar a Previdência. É tudo complexo, tudo difícil. A prova de que eu não fui omisso é que eu demiti o diretor.”
Ele também se defendeu das críticas de que o episódio teria gerado desgaste com o presidente Lula.
Lupi afirmou que, no dia da operação, se manifestou em defesa do direito de defesa de Stefanutto, mas que concordou com a demissão do ex-presidente do INSS quando Lula pediu.
“Eu tenho consciência muito tranquila, eu fiz tudo o que podia. Eu trabalho e eu tento resolver, mas não sou Deus.”
Lupi sabia de tudo?
Como mostramos, o ministro da Previdência Social foi alertado sobre o aumento das denúncias de fraude nos descontos dos benefícios de pensão e aposentadoria do INSS em junho de 2023, mas levou quase um ano para tomar providências. As informações constam de atas de reuniões do Conselho Nacional de Previdência Social reveladas na noite de sábado, 26, pelo Jornal Nacional.
Durante uma reunião do conselho, em 12 de junho de 2023, a conselheira Tonia Galleti trouxe o tema das fraudes à pauta, pedindo a inclusão de um debate sobre os Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) das entidades que realizam descontos no INSS.
O pedido foi negado por Lupi, que alegou a necessidade de um levantamento mais detalhado. Mesmo após o alerta, o assunto só foi discutido em abril de 2024, após a intervenção de órgãos como a CGU e a Polícia Federal.
O caso é investigado pela CGU com a Polícia Federal. A operação Sem Desconto calculou