Lula acusa Trump de mentir e diz que Brasil ‘não vai ficar de joelhos’

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira, 14, que o Brasil “não vai ficar de joelhos” frente ameaças dos Estados Unidos, acusando o presidente americano, Donald Trump, de mentir sobre o fato de que o Brasil seria um “péssimo parceiro comercial”.

“É mentira quando o presidente norte-americano diz que o Brasil é um mau parceiro comercial. O Brasil é bom, só não vai ficar de joelhos para o governo americano”, disse Lula, durante evento em Pernambuco.

Mais cedo, nesta quarta, Trump afirmou que o Brasil não seria um bom parceiro “em termos de tarifas”, afirmando que “eles nos cobram tarifas enormes, muito, muito maiores do que a que nós cobramos, e, basicamente, nós nem estávamos cobrando nada”. A declaração, pouco mais de uma semana após o início das tarifas americanas 50% sobre produtos brasileiros, ignora que o Brasil tem déficit na relação comercial com Washington desde 2009 e que, em 2024, foi superior a US$ 28 bilhões, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

A jornalistas na Casa Branca, Trump também voltou a falar em uma suposta “caça às bruxas”, definindo processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro como uma “execução política”.

Pouco antes dos comentários do republicano, Lula já havia dito o governo Trump “fez uma insensatez com o Brasil” ao impor tarifas e sanções contra o país. Os dois têm trocado críticas desde julho, quando Trump publicou uma carta endereçada a Bolsonaro, reforçando críticas à Justiça brasileira e um suposto “regime de censura”. Segundo escreveu, o governo brasileiro realiza “ataques à liberdade de expressão, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos”. O líder americano também pediu o fim “imediato” do julgamento do ex-presidente brasileiro.

Bolsonaro está inelegível por 8 anos, por duas condenações no Tribunal Superior Eleitoral, por abuso de poder e uso indevido de meios de comunicação, ao atacar as urnas eletrônicas durante a eleição de 2022, sem provas concretas.

Tensões em alta

As tensões entre Brasil e EUA atingiram o ápice no final de julho, quando Trump sancionou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), pela suposta perseguição a Bolsonaro e assinou um decreto que implementa as tarifas de 50% contra o Brasil. Para ampliar o cerco contra Moraes, o republicano acionou a Lei Magnitsky, usada para punir estrangeiros acusados de violações graves de direitos humanos ou de corrupção em larga escala.

Para além da parte da história que envolve Bolsonaro, Moraes também virou alvo da Casa Branca devido ao que chama de “censura” a conteúdos publicados pela plataforma de vídeos online Rumble e da Trump Media, empresa do presidente Trump. Ambas acusam o ministro de violar a Primeira Emenda da Constituição americana, que garante a liberdade de expressão, ao ordenar a remoção de contas de influenciadores brasileiros de direita na plataforma.

As remoções ocorreram no âmbito do inquérito das fake news do STF contra perfis que espalham desinformação. Antes disso, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, já havia cancelado os vistos do ministro do STF, seus familiares e aliados. Moraes, no entanto, estava com o visto americano vencido há dois anos e não havia optado pelo processo de renovação.

Com Veja

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