Deputado discutiu com o pai e o xingou, mas no dia seguinte pediu desculpas pelo comportamento

Deputado discutiu com o pai e o xingou, mas no dia seguinte pediu desculpas pelo comportamento

Na investigação sobre a suposta atuação do ex-presidente Jair Bolsonaro e do filho dele Eduardo Bolsonaro para atrapalhar o processo por tentativa de golpe de Estado, a Polícia Federal encontrou uma troca de mensagens dos dois na qual Eduardo xinga o pai e diz que ele é “ingrato”. O deputado fez o desabafo por ter sido chamado de “imaturo” por Bolsonaro.

“Eu ia deixar de lado a história do Tarcísio, mas graça [sic] aos elogios que vc fez a mim no Poder360 estou pensando seriamente em dar mais uma porrada nele, para ver se vc aprender [sic]. VTNC SEU INGRATO DO C******!”, escreveu o deputado ao pai.

Em outra mensagem, Eduardo expressou temor em relação ao impacto das declarações de Bolsonaro à imagem do parlamentar nos Estados Unidos:

“Se o IMATURO do seu filho de 40 anos não puder encontrar com os caras aqui, PORQUE VC ME JOGA PRA BAIXO, quem vai se f**** é vc. E VAI DECRETAR O RESTO DA MINHA VIDA NESTA P**** AQUI. TENHA RESPONSABILIDADE!”, afirmou Eduardo.

Conversa entre Bolsonaro e Eduardo obtida pela PF (Imagem: Reprodução/Polícia Federal)

Em seguida, Jair Bolsonaro enviou dois áudios — cujo conteúdo não pôde ser recuperado —, e Eduardo respondeu com outro áudio também não acessado pela PF. Depois, o deputado fez novas provocações:

“Quero que vc olhe para mim e enxergue o Temer”, escreveu, em referência ao ex-presidente Michel Temer. “Vc falaria isso do Temer?”, completou, contestando a fala do pai sobre sua “imaturidade”.

Conversa entre Bolsonaro e Eduardo obtida pela PF (Imagem: Reprodução/Polícia Federal)
Conversa entre Bolsonaro e Eduardo obtida pela PF (Imagem: Reprodução/Polícia Federal)

Diante da pressão, Jair Bolsonaro voltou atrás e, em entrevista posterior, fez declarações mais favoráveis ao filho.

No dia seguinte ao desabafo, Eduardo pediu desculpas ao pai pelas ofensas, afirmando que “estava p*** na hora”.

Conclusões da PF

Nesta quarta-feira, a PF decidiu indiciar Bolsonaro e Eduardo por tentar interferir na ação penal da qual o ex-presidente é réu por tentativa de golpe de Estado.

No relatório final da investigação, a PF informou ver indícios dos crimes de coação no curso do processo (Art. 344 do Código Penal) e abolição violenta do Estado Democrático de Direito (Art. 359-L do Código Penal).

Segundo a Polícia Federal, Bolsonaro e Eduardo mantinham contato constante, e o deputado dirigia e direcionava as narrativas de interesse do grupo investigado, determinando até o conteúdo e a forma das postagens de Bolsonaro, incluindo legendas em inglês para repercussão internacional.

A PF concluiu que pai e filho atuaram de forma consciente para convencer autoridades estrangeiras a aplicar sanções contra o Brasil e contra autoridades nacionais, numa tentativa de garantir impunidade diante das acusações de tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado democrático de Direito.

Com G1

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