O Central de Transplantes da Paraíba, que integra a rede de alta complexidade do Governo do Estado, registrou no Hospital de Trauma de João Pessoa, na última segunda-feira (14), a 40ª doação demúltiplos órgãos em 2024. Com a doação, saíram da lista de espera por um órgão mais quatro pessoas, que receberam rins e córneas.
A paciente doadora tinha 42 anos e foi vítima de um Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico (AVCH). Só após o diagnóstico de morte encefálica, precedido de rigoroso protocolo adotado em três etapas, com a realização de exames clínicos e de imagem, feitos em horários distintos e por diferentes profissionais, é que a doação foi concretizada. A permissão foi concedida pelos familiares diretos da paciente.
Para que os órgãos fossem encaminhados aos receptores, antes foram realizados os exames de sorologia, para identificar a presença de algum tipo de infecção. Na Paraíba, a triagem sorológica de potenciais doadores de órgãos e tecidos é realizada de forma minuciosa pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-PB), unidade da Secretaria de Estado da Saúde (SES). O hemocentro estadual também está apto para a realização dos exames exigidos no processo, e atua como retaguarda.
Conforme a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) esses procedimentos são necessários devido à grande variedade de patógenos que podem ser transmitidos no processo de doação e transplante de órgãos e tecidos. Nesses casos, a triagem sorológica pode desqualificar possíveis doadores contaminados, identificar infecções ativas no receptor no período pré-transplante para que possam ser tratadas, definir o grau de risco para que uma infecção ocorra para que se possa prevenir o seu aparecimento no pós-transplante.
No Lacen-PB são feitas sorologias para o diagnóstico da infecção pelo HIV, hepatites B e C, sífilis, doença de Chagas, citomegalovírus, toxoplasmose, HTLV I e II, e Covid-19. As solicitações de sorologia chegam ao laboratório por meio da Central de Transplantes, que conta com equipes multidisciplinares na realização do processo.
Os rins foram encaminhados para duas mulheres de São Paulo, sendo uma de 35 e outra de 42 anos, e as córneas seguiram para o Banco de Olhos da Paraíba, onde passam por uma avaliação antes da realização do transplante.
A diretora da Central de Transplantes, Rafaela Dias, enfatiza a segurança adotada em todas as etapas que envolvem a doação de órgãos no estado. “A Central de Transplantes realiza a coleta das amostras de sangue, que são enviadas para o laboratório, o Lacen, que mantém todo um controle de qualidade em todas as fases que envolvem os exames para a doação de órgãos. Isso nos dá confiança no trabalho realizado e garante a segurança ao paciente que vai receber o órgão doado”, explicou.
Este ano, na Paraíba, foram realizados 227 transplantes e 654 pessoas aguardam na lista de espera por um órgão ou tecido.