O presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou otimismo, durante entrevista coletiva na Malásia nesta segunda-feira, 27 (madrugada no Brasil), ao avaliar o encontro com o presidente americano Donald Trump, que ocorreu no domingo 26. O petista afirmou que a reunião foi “surpreendentemente boa” e que o diálogo direto entre os dois líderes abriu caminho para o fim das disputas comerciais provocadas pelo tarifaço imposto a produtos brasileiros.
“Se depender do Trump e de mim, vai ter acordo. Eu estou convencido de que, em poucos dias, nós teremos uma solução definitiva entre Estados Unidos e Brasil”, afirmou o presidente brasileiro, que voltou a dizer que as medidas adotadas contra o Brasil foram baseadas em “informações equivocadas” sobre o comércio bilateral.
“O que não pode é acontecer o que aconteceu com o Brasil. Com base em informações erradas, tomaram a decisão de taxar o Brasil em 50%”, disse. O petista afirmou ter entregue pessoalmente a Trump um documento provando que os Estados Unidos, na verdade, acumulam superávit comercial com o Brasil. “Nós provamos que houve um superávit de 410 bilhões de dólares em 15 anos. Só no ano passado, foram 22 bilhões favoráveis aos Estados Unidos”, declarou.
Lula salientou que o encontro com o republicano serviu para “recolocar a verdade na mesa”. “Eu fiz questão de colocar por escrito tudo o que o Brasil tinha a dizer. Todo mundo que leu aquela carta sabia que as informações contra o Brasil estavam erradas. Disse a ele que, se queremos um acordo, precisamos colocar gente que goste do Brasil para negociar. Se você coloca alguém de má vontade na mesa, não tem acordo”, afirmou.
O presidente destacou que, a partir de agora, a relação entre os dois países será conduzida sem intermediários. “Agora é o presidente Lula com o presidente Trump. Gostemos ou não um do outro, nós dois temos de assumir a responsabilidade como chefes de Estado e garantir que nossas ações tragam benefícios aos povos que nos elegeram”, afirmou. “Eu saio muito otimista dessa reunião. Tenho a convicção de que o impasse será resolvido rapidamente.”
Mesmo reconhecendo as diferenças ideológicas entre os dois líderes, Lula insistiu que o respeito mútuo prevaleceu na conversa. “Eu fiz questão de dizer ao presidente Trump que o fato de termos posições políticas diferentes não impede que dois chefes de Estado tratem com respeito. Ele me respeita porque fui eleito pelo voto democrático do povo brasileiro, e eu o respeito porque ele foi eleito pelo voto democrático do povo americano. Isso colocado na mesa, tudo fica mais fácil.”
Lula ressaltou ainda que o diálogo com Washington não terá temas proibidos. “Se quiser discutir China, Venezuela, minerais críticos, terras raras, etanol ou açúcar — qualquer assunto pode ser colocado na mesa. Eu sou uma metamorfose ambulante na negociação: o que quiser discutir, eu discuto”, disse, em tom descontraído.
O presidente explicou que o objetivo do governo é zerar as divergências e reconstruir a relação com base na confiança. “Nós temos que começar do patamar zero. Vamos voltar à estaca zero e saber onde queremos chegar. Se houver disposição de ambos os lados, não haverá problema para nenhum setor da economia brasileira”, declarou. “Brasil e Estados Unidos precisam dar exemplo de cordialidade, de livre comércio e de multilateralismo.”
Lula também afirmou que tratou com Trump da punição de autoridades brasileiras por parte do governo americano, classificando as medidas como “sem lógica”. “Expliquei que nossos ministros estão apenas cumprindo a Constituição. Fiz questão de entregar um documento formal sobre o tema, e ele leu na minha frente”, relatou.
Ao comentar a postura de Trump, o petista destacou o clima de empatia pessoal entre os dois. “O ser humano é 80% química e 20% razão e emoção. E eu acho que é isso que pintou entre mim e o presidente Trump”, disse. “Espero que essa química dê frutos ao povo brasileiro e ao povo americano, porque nós dois queremos o mesmo: resolver as diferenças e fazer as coisas andarem.”
Concluindo, Lula reforçou a confiança em um desfecho rápido e positivo. “Eu estou convencido de que em poucos dias nós teremos uma solução definitiva entre Estados Unidos e Brasil”, afirmou. “Se depender do Trump e de mim, vai ter acordo — e vai ser um acordo bom para os dois países.”
Com Veja






