Conta da ‘Crise Magnitsky’ chega aos bancos, que perdem quase R$ 42 bi em um único dia

Até pouco tempo atrás, o encerramento do ciclo de divulgação de resultados financeiros dos principais bancos brasileiros, como o período atual após as informações sobre o segundo trimestre se tornarem públicas, poderia ser o início de um ciclo de calmaria para os bancões. O que passou, para o bem ou para o mal, passou, e os executivos tratavam de se preocupar com o que entregariam no próximo trimestre.

Mas no Brasil de 2025 não é mais assim.

Uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), assinada pelo ministro Flávio Dino na véspera, derrubou de uma vez só os papéis dos bancos na sessão desta terça-feira, 19.

O tamanho do prejuízo? 41,9 bilhões de reais em um único dia.

De acordo com dados da consultoria Elos Ayata, foi essa a quantia que os principais bancos perderam em valor de mercado com o temor dos investidores de que as instituições financeiras estejam mesmo em uma sinuca de bico envolvendo a Lei Magnitsky.

A encruzilhada é a seguinte: os bancos terão de cumprir a lei, sobretudo no que diz respeito a outro ministro do STF, Alexandre de Moraes, caso não queiram enfrentar sanções envolvendo o que fazem todo dia: operar em dólar. A moeda, lastro global, é americana. E foram os Estados Unidos, por meio de Donald Trump, que enquadraram o magistrado na lei.

Bancos valiam 995 bilhões de reais

O conjunto de bancos analisados pela consultoria – Itaú, BTG Pactual, Bradesco, Banco do Brasil e Santander – somava valor de mercado de 995 bilhões de reais na segunda-feira. Eles encerram a terça valendo, juntos, 953 bilhões de reais. Valor de mercado é um dado que se pode considerar até etéreo, afinal, esse dinheiro não sumiu da noite para o dia do caixa. Mas o que houve na bolsa de valores agora coloca à frente dos CEOs dos maiores bancos brasileiros o enorme desafio de contornar uma crise que fazia tempo não batia à porta do sistema financeiro brasileiro.

No passado, sobretudo após o fim da hiperinflação com o Plano Real, muitas vezes havia crise de confiança – foi a época em que os bancos estaduais praticamente desapareceram do mapa. Agora, pelo menos nesta terça-feira, falta confiança dos investidores sobre como será o encaminhamento da crise que se pode chamar de Magnitsky.

Assim, uma crise que começou com tarifas de exportação de produtos pode terminar na bolsa de valores sobre ativos financeiros. O resultado pode ser uma extensão do que o investidor mais atento já observa: o Ibovespa, que chegou a 141 mil pontos recentemente, hoje está em 134 mil pontos. E o sonho de alcançar 150 mil pontos fica cada vez mais nisso mesmo, um sonho.

Com Veja

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