Após dois dias de inoperância quase integral em função da ocupação da Mesa Diretora por parlamentares da oposição, a Câmara teve sessão nesta quinta-feira para passar a imagem de normalidade.
Além da aprovação de medidas consensuais, a sessão foi marcada por Hugo Motta na condução dos trabalhos e pela troca de acusações entre base e oposição.
Em votação simbólica, os deputados aprovaram projeto que visa criar programa para acelerar a revisão de benefícios do INSS.
Interlocutores de Motta avaliam que a escolha de uma pauta mais light serviu para que ele pudesse mostrar serviço, mas sem ter dificuldades após dias turbulentos.
A presença à frente dos trabalhos, apesar de uma pauta tímida, tinha como objetivo passar o recado “que é ele quem manda”.
Governistas comemoraram o fato de a situação ter se normalizado e alfinetaram a oposição.
“Tenho certeza de que a ocupação regimental desse lugar não implicou em nenhuma negociação não transparente, em nenhuma cessão à pressão, à chantagem, viu, deputado Sóstenes [Cavalcante]? Eu tenho certeza de que o deputado Hugo Motta, pelo que declarou publicamente na sessão afinal aberta aqui ontem, não vai pautar por constrangimento qualquer matéria. Aqui vale a força dos argumentos e não o argumento da força, senão vira caos, vira bagunça qualquer pauta que não seja de interesse de algum grupo: a gente senta na mesa, acorrenta-se, paralisa os trabalhos, inviabiliza o caráter democrático e de dissenso civilizado que o Parlamento deve ter. O que aconteceu aqui anteontem e ontem foi gravíssimo”, disse Chico Alencar.
Os opositores, por sua vez, defenderam a legitimidade das ocupações e fizeram acusações contra governistas.
“Esquerda, que, aliás, é useira e vezeira de ocupações aqui nesta Casa — inclusive bloqueou a mesa por uma pessoa, pedindo Lula livre, enquanto nós lutamos pelo Brasil —, agora, hipocritamente, vem nos atacar e falar em chantagem! Chantagem fez quem espalhou, como fez o pessoal do Deputado Boulos, ontem, que Deputados que aqui estavam poderiam ser sancionados com 6 meses de suspensão se mantivessem a obstrução pacífica e democrática. Justamente o Deputado Guilherme Boulos, o invasor de propriedade, estava falando em penalizar quem faz ocupação? Pois a nossa resposta é e sempre será: ‘Não estamos aqui por um cargo, por dinheiro, pelos nossos salários. Não! Estamos aqui pelo Brasil’”, afirmou Marcen van Hattem.