Eleição para Conselho Tutelar perde sentido social e vira disputa por força política e cargos, por Júnior Queiroz

Por Júnior Queiroz

Sempre admirei a ideia de haver um conselho autônomo para fazer valer os direitos das crianças e adolescentes, principalmente no país onde seis em cada dez crianças são atingidas por pobreza e privação de direitos básicos.

O que vimos nesta eleição para o Conselho Tutelar foi um show de horrores. Uma eleição marcada nos bastidores pela atuação de lideranças políticas que usaram da influência de seus cargos e até de recursos financeiros para garantir um emprego de um salário mínimo para um aliado ou até familiar. Em muitas cidades a pauta religiosa também entrou no processo fazendo com que o contexto social fique relegado ao segundo plano.

Boca de urna, compra de votos, articulações políticas, comemorações de vitórias ao som de paredões e regada a muita bebida (inclusive com a presença de menores) foi o que vimos neste domingo em diversas cidades brasileiras. A eleição perdeu a função social e foi corrompida por uma parte da sociedade individualista que se preocupa com as crianças (de casa). A rede nacional, formada por todas as iniciativas voltadas a Assistência Social, deve iniciar um debate urgente sobre o desafio de melhorar o processo de escolha afim de garantir a presença de pessoas totalmente comprometidas com a pauta.

Apesar de uma eleição triste com a perda do sentido social do conselho, ainda há esperanças. Pois nem todo mal e nem todo bem é unânime. Apesar de todo esse desvio do caráter social da campanha, ainda tivemos pessoas honradas e comprometidas eleitas neste domingo. A esses caberá um trabalho dobrado, pois terão que atuar por si próprio e também por aqueles que pensam que ganharam um emprego e não uma missão.

 

Júnior Queiroz é Radialista e Diretor do Portal Paraíba Mix

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