Após presentear menino de 10 anos que trabalha como engraxate, relojoeiro é notificado por apologia ao trabalho infantil

O pequeno Mário, de apenas 10 anos, queria comprar um presente para o pai. Após muito tempo juntando o dinheiro que ganhava trabalhando como engraxate nas ruas do município de Catalão, em Goiás, ele conseguiu os R$ 30 que precisava para comprar um relógio. Comovido, o dono do relojoaria, Paulo César da Silva, decidiu dar a peça ao garoto, elogiando a postura dele, em um vídeo que foi parar nas redes sociais. Dias depois, ele foi notificado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) por apologia ao trabalho infantil.

O vídeo que mostra o menino escolhendo um relógio para o pai foi visto por milhões de pessoas na internet e a história foi parar no programa Domingo Espetacular, da TV Record. Muitos admiraram a dedicação da criança e a generosidade do relojoeiro, que devolveu os R$ 30 ao garoto. ”Isso aqui é pra você comprar o que você quiser e o relógio é um presente meu pra você dar pro seu pai”, disse.

A história, porém, não teve um final muito feliz. Paulo César da Silva recebeu uma notificação do MPT de Goiás. De acordo com o promotor Leomar Daroncho, que assina a notificação, o MPT recebeu denúncia de que o vídeo fazia apologia ao trabalho infantil. O erro, segundo ele, estaria em um trecho do vídeo no qual Paulo César diz ao menino ”O trabalho dignifica. Eu sei que você é criança, mas trabalhar não é pecado, criança pode trabalhar”.

Por causa dessa fala, o relojoeiro precisou assinar um Termo de Ajustamento de Conduta, no qual se compromete a abster-se de divulgar qualquer apologia ao trabalho infantil e autoriza o uso do seu depoimento para eventuais campanhas de combate ao trabalho infantil. O descumprimento do termo pode resultar em multa de R$ 10 mil.

O pai da criança, Emanoel Aparecido da Costa, disse, em entrevista à TV Record, que o relojoeiro só tinha intenção de ajudar e que a família recebeu diversas doações após o vídeo se tornar público. ”Ele fez isso para ajudar o garoto”, comentou.

Já o promotor Leomar Daroncho explicou que, por mais que a história do garoto pareça edificante, trata-se de uma criança em situação de vulnerabilidade, que trabalha na rua. Segundo ele, o acordo é para que eventuais intervenções de Paulo César no futuro foquem na formação da criança.

ClickPB

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